A história da música ocidental inicia-se na Idade Média. Entretanto, os desdobramentos de tal história possuem influências da música da Grécia Antiga.
Pouco se sabe sobre a sonoridade da música Grega. Diversos fatores influenciaram este desconhecimento, entre os mais determinantes estão:
A ausência de uma notação fixa ;
A destruição dos registros musicais realizado pela Igreja afim de eliminar do mundo esta música considerada pagã, deixando preservar apenas o básico e as teorias musicais;
A natureza da música. Por se tratar de uma arte sonora e abstrata, diferente das artes plásticas onde existe uma maior quantidade de exemplos (puramente cópias) concretos deste período.
Origem e Função Social
A origem da música na Grécia Antiga era considerada divina, assim, os seus primeiros intérpretes eram deuses e semideuses como: Apolo, Orfeu e Anfião. Existia a crença de que era dotada de poderes mágicos, capaz de curar doenças, purificar o espírito e o corpo e operar milagres no reino da natureza.
"Observa-se que ela (a música) era dotada de uma significação e função bem diversa da atual. Lá, ela esteve extremamente conectada com a religião, a cosmologia e a vida social e foi de importância capital para a formação da imagem de mundo do homem grego." (LIMA, 2007).
No âmbito religioso ganha destaque as músicas das cerimônias que cultuavam os deuses Apolo e Dionísio. No culto a Apolo era utilizado como instrumento característico a lira, já o culto a Dionísio o instrumento característico utilizado era o aulo.
"A música esteve presente nas celebrações civis e religiosas, nas competições atléticas e em outras manifestações da vida pública. Além de se constituir em um componente essencial para a educação, ela também se consagrou como uma força obscura, conectada com as potências do bem e do mal, capaz de curar enfermidades, elevar o homem até a divindade, ou precipitá-lo para as forças do mal." (Lima, 2007).
Platão e Aristóteles concordavam que o sistema público de educação ideal teria que abranger dois elementos fundamentais: a música e a ginástica. A música seria responsável por disciplinar o espírito, enquanto a ginástica o corpo. Para os dois filósofos, estes dois elementos seriam indispensáveis para a produção de bons cidadãos.
Nomos M - Tenge Pleumonas Oino
Características da Música Grega
- Música de textura monofônica - as vezes vários instrumentos embelezavam a melodia formando uma heterofonia;
- Música improvisada - quase que inteiramente improvisada;
- Associada a palavra - na sua forma mais perfeita, estava sempre associada à palavra ou dança;
Song of Seikilos
Teorias da Música na Grécia Antiga
As teorias musicais gregas eram de dois tipos:
1. Doutrinas sobre a natureza da música, o seu lugar no cosmos, os seus efeitos e a forma conveniente de a usar na sociedade;
2 . Descrições sistemáticas dos modelos e materiais da composição musical;
Criaram diversas ligações entre a música e a matemática como, por exemplo, o sistema de sons e ritmos musicais regidos por números que, por sua vez, exemplificava a harmonia do cosmo. A astronomia também possuía ligação com a música, a chamada música das esferas - relação entre a música e a mecânica celeste (movimento dos astros).
Destacamos, também, a doutrina do Etos.
"A música nesta concepção, não era apenas uma imagem passiva do sistema ordenado do universo, era também uma força capaz de afetar o universo - dai a atribuição dos milagres aos músicos lendários da mitologia". (GROUT; PALISCA, 1994).
Assim como a música era capaz de afetar o universo também o faria com o caráter do homem. Por isso, para os gregos, a importância em aconselhar a audição e ensino de determinados tipos de músicas que afetaria positivamente a criação do homem em detrimento a outros que não agregariam valores positivos.
Herança Grega
O mundo antigo levou à Idade Média as seguintes ideias fundamentais no domínio da música:
Concepção da música como consistindo essencialmente numa linha melódica pura e despojada (monofonia).
A ideia da melodia intimamente ligada às palavras;
Tradição de interpretação musical baseada essencialmente na improvisação, sem notação fixa, em que o interprete como que criava a musica de novo a cada execução, embora segundo convenções comumente aceites e servindo das formulas musicais tradicionais;
Filosofia da musica que concebia esta arte, não como uma combinação de belos sons no vácuo espiritual e social da arte pela arte, mas antes como um sistema bem ordenado, indissociável do sistema da Natureza, e como forca capaz de afetar o pensamento e a conduta do homem;
Teoria acústica cientificamente fundamentada;*
Sistema de formação de escalas com base nos tetracordes;*
Terminologia musical;*
*Especificamente grega
Referências:
GROUT, D. J.; PALISCA, C. V. História da Música Ocidental. Trad. Ana Luísa Faria. Lisboa: Gradiva. 1994. 761 p.
LIMA, S. A. Música e Cosmologia. In: ______________ (Org.). Uma leitura transdisciplinas do fenômeno sonoro. São Paulo: SOM, 2007. p. 9-36.
Prof. Luiz Eduardo